A Polícia Federal desmantelou o First Capital Bank, instituição financeira criada há quatro anos por grupos criminosos com o propósito de lavar dinheiro proveniente do tráfico internacional de drogas no Pará. As revelações sobre a meticulosa investigação da PF foram apresentadas pelo programa Fantástico no domingo (21). O ponto de partida para essa operação ocorreu em julho de 2022, em Curuçá, no nordeste do Estado do Pará, quando uma denúncia anônima levou os agentes até um sítio na região. A diligência resultou na apreensão de mais de uma tonelada de cocaína, acompanhada da detenção de duas pessoas em flagrante, além da apreensão de celulares.
Após meses de diligências, a polícia realizou uma operação em 4 de abril deste ano, culminando na prisão de 12 indivíduos e na apreensão de ativos como computadores, veículos de luxo, dinheiro em espécie e joias em uma das sedes do grupo, localizada em São Paulo. A Justiça Federal determinou a suspensão das atividades do First Capital Bank e o congelamento de valores em suas contas.
Conforme investigado, os criminosos recrutavam pescadores locais para transportar cocaína em barcos pesqueiros especialmente adaptados, equipados com fundos falsos para ocultar a droga durante o transporte até o litoral. De lá, os entorpecentes eram enviados para a Europa e África, enquanto o dinheiro proveniente da venda era branqueado através do banco.
Os investigadores da Polícia Federal descobriram que os proprietários do banco recrutavam pessoas físicas e jurídicas, muitas das quais eram laranjas ou empresas de fachada, para realizar transações financeiras milionárias.
Documentos apreendidos pela PF indicaram que Regiane Pereira de Oliveira era a principal acionista do banco, enquanto Nelson Piery da Silva e Nailton Rodrigues Coelho foram identificados como sócios da empresa, apresentando-se como operadores do mercado financeiro.
Nailton foi detido, porém Nelson Piery conseguiu escapar da operação policial realizada neste mês. Imagens obtidas pelo Fantástico mostram Piery deixando um condomínio de luxo em São Paulo minutos antes da chegada dos agentes federais. Tanto ele quanto Regiane estão foragidos. Este não é o primeiro encontro dos três com a justiça; no ano anterior, foram alvos de outra operação da PF em Minas Gerais, relacionada ao tráfico internacional de drogas e à lavagem de dinheiro.
Embora registrada na Receita Federal e na Junta Comercial de São Paulo, o First Capital Bank não possui autorização do Banco Central para operar como instituição financeira. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) afirmou que o banco não consta em seu sistema.
Na internet, o suposto banco mantinha um site, perfis em redes sociais e até vídeos promocionais. A polícia ressalta que não é possível determinar se todos os clientes estavam cientes de que o First Capital Bank era controlado por traficantes, incentivando possíveis clientes a se pronunciarem nos próximos dias, considerando que as operações da empresa foram suspensas.
A investigação em curso busca esclarecer a origem dos recursos e a concepção do banco para o tráfico, bem como a identificação dos indivíduos envolvidos.