Foi no quilombo de Pitimandeua, em Inhangapi, a 92 quilômetros de Belém, que nasceu o professor Aiala Colares, finalista ao prêmio Jabuti Acadêmico 2024 na categoria ‘Geografia de Geociências’, com o livro ‘Geopolítica do narcotráfico na Amazônia’.
A premiação é destinada às obras acadêmicas publicadas em Língua Portuguesa no Brasil, e os vencedores serão conhecidos no dia 6 de agosto, em São Paulo.
Vida e estudos
Aiala estuda temas relacionados à violência desde a graduação, há mais de 20 anos. Sua pesquisa ajuda a compreender a dinâmica do tráfico de drogas na Amazônia e como a disputa entre facções criminosas se expande nas cidades.
Embora tenha origem quilombola, Aiala cresceu na periferia de Belém. Mudou-se, ainda criança, com a mãe para o bairro da Terra Firme, conhecido pelos estigmas de violência. “Vivi num contexto conturbado das gangues de rua de Belém, onde vi vários amigos de infância se perderem para a criminalidade, sobretudo, para o tráfico de drogas,” disse o pesquisador. Aiala Colares sempre estudou em escola pública. É militante do Movimento Negro e responsável pela elaboração do documento que instituiu as cotas raciais na Universidade do Estado do Pará (Uepa), onde leciona atualmente.
Prêmio
O prêmio é concedido pela Câmara Brasileira do Livro, com o apoio da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e da Academia Brasileira de Ciências (ABC). Em relação ao prêmio Jabuti Acadêmico 2024, o pesquisador se diz surpreso por ter chegado à final. Seu trabalho foi indicado pela editora Appris. “Estar entre os finalistas do Prêmio Jabuti Acadêmico é provar que aqui na Amazônia, e, em especial, no Pará, também se faz ciência com responsabilidade e de forma orgânica e preocupada com as transformações sociais,” afirma o pesquisador.
Além dele, também é finalista ao prêmio Jabuti Acadêmico 2024 a professora da Universidade do Estado do Pará (Uepa), Maria Betânia Albuquerque.
Ela concorre na categoria ‘Ciência da Religião e Teologia’ com o livro ‘Mestres da ayahuasca: em contextos religiosos’, que foi organizado por ela e pelo pesquisador Wladimyr Sena Araújo