O desmatamento da floresta amazônica aumentou 171% em abril deste ano comparado ao mesmo período de 2019, de acordo com dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Segundo a instituição, é a maior devastação da floresta dos últimos dez anos. A área desflorestada corresponde a 529 km², o que equivale aproximadamente ao território do município de Porto Alegre (RS).
Em junho, o desmatamento na região bateu outro recorde. Foram registrados 1.034,4 km² de área sob alerta de desmatamento, o maior registrado para o mês nos últimos cinco anos. No acumulado do semestre, os alertas indicam devastação em 3.069,57 km² da Amazônia, aumento de 25% em comparação ao primeiro semestre de 2019. Os dados são do sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), atualizados na segunda semana de julho.
Para a pesquisadora Marcela Vecchione, do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (Naea), da Universidade Federal do Pará (UFPA), o enfraquecimento da política de fiscalização e o discurso antiambiental do governo federal em relação à Amazônia são os maiores motores do desmatamento. Segundo ela, a capacidade de controlar o crime ambiental no Brasil já vinha perdendo força nos últimos anos, mas ficou muito menor na atual gestão do governo federal.
” O governo Bolsonaro implementou uma política antiambiental que enfraqueceu órgãos de controle, seja reduzindo orçamento, seja afastando ou mudando posições estratégicas e reduzindo o número de fiscalizações. E o resultado direto disso são esses números expressivos do desmatamento da Amazônia”, destaca Vecchione.
O assunto foi pauta do segundo episódio do podcast Carta Amazônia, conteúdo jornalístico produzido pelo site Carta Amazônia em parceria com a plataforma Rede Pará. No programa, a pesquisadora avaliou a relação entre o avanço do desmatamento e a política ambiental do governo Bolsonaro para a região.
Confira a segunda edição do Carta Amazônia. O episódio está disponível no Spotify, Deezer, YouTube ou na plataforma de streaming preferida de cada usuário.
Foto: Ascom/IBAMA