As medidas de combate à covid-19 estabelecidas em decreto do Governo do Estado necessitam ser aprimoradas para se evitar o crescimento de casos no Pará, como indica análise científica apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) à Justiça Federal esta semana.
O envio da análise reforça pedidos do MPF e da Defensoria Pública da União (DPU) apresentados em ação ajuizada no último dia 16 – com destaque para o pedido de suspensão urgente das atividades não essenciais –, e aponta um dado alarmante: segundo os pesquisadores, o número real de casos ativos da doença no estado pode ser cerca de oito vezes maior que o número oficialmente divulgado.
Como informa o MPF, os autores do estudo “Covid-19: Um novo modelo Seir [Suscetível, Exposto, Infeccioso, Recuperado] para países em desenvolvimento – estudo de caso para a Região Metropolitana de Belém”: “Há a necessidade de ampliar sobremaneira o isolamento social e de maneira imediata, já que, em pandemias, cada dia significa um acúmulo brutal de mortes e novas contaminações”. Os pesquisadores analisaram o decreto estadual a pedido de membros do MPF.
Para os cientistas, as restrições do decreto estadual 609/2020 são importantes, mas não o suficiente para atingir índices de isolamento social da população de 70% ou maiores, que são os níveis internacionalmente recomendados como efetivos para a redução de contágio e de propagação da pandemia.
Eles alertam que a urgência da ampliação do distanciamento social se torna mais evidente em um momento em que há claro esgotamento do sistema de saúde do Pará e, especialmente, de Belém, e em que também há um evidente grau de subnotificação.
Urgência negada
Também durante esta semana, o MPF pediu que a Justiça Federal decidisse sobre os pedidos da ação com a máxima urgência, sem ouvir antes o Estado do Pará, principalmente tendo em vista o colapso do sistema de saúde de Belém. A Justiça negou o pedido.
(Com informações de O Liberal)
Foto: Sergio Lima/Poder 360