O período que compreende entre junho e setembro é o de menor regime de chuvas em Parauapebas e região. Apesar de gerar consequências negativas, a época seca também propicia o florescimento dos ipês, muito presentes nas principais vias da cidade, deixando mais bonita a paisagem para os munícipes.
Nas arborizações da Rodovia PA-275, que corta Parauapebas desde a Portaria da Floresta Nacional de Carajás até a saída do município, é possível identificar ipês majoritariamente das cores rosa e branco, com algumas aparições do ipê amarelo. Quem conversou com o Portal Correio de Carajás sobre as flores que embelezam o “verão amazônico” foi o engenheiro ambiental Wendelo Silva Costa, doutorando em botânica e que integra a equipe do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Wendelo contou que os ipês são encontrados em todas as regiões do Brasil e até já foi considerada a árvore símbolo do país, até 1978, quando foi substituída pelo Pau-Brasil. Ainda assim, a flor do ipê é considerada símbolo nacional oficialmente. “É muito comum nas épocas mais secas os ipês perderem as folhas, lançarem as flores e dispersarem uma grande quantidade de sementes, que coincide com o início da estação chuvosa, nos meses de outubro e novembro”, explicou.
O que faz com que os ipês tenham tantas cores diferentes? Wendelo explica que, apesar de ainda não ter sido determinado exatamente o motivo para tal, “essa distinção entre espécies de um mesmo gênero se dá principalmente como uma estratégia evolutiva para evitar competição pelos mesmos polinizadores”.
Também citou estudos que indicam que as diferentes espécies de ipês possuem floração em períodos diferentes: “primeiramente os ipês rosa e branco apresentam suas flores, depois o amarelo e por último os ipês roxos”, diz, explicando que essas características na natureza foram fundamentais para que as diferentes espécies pudessem conquistar as diferentes regiões do Brasil, como a Floresta Amazônica.
Comumente encontrado na natureza em regiões de floresta, mas também de pastagem, o ipê é largamente empregado na arborização urbana por ter alta resistência a predadores e grande durabilidade. A árvore, segundo Wendelo, também é utilizada em grande quantidade em áreas de reflorestamento, por ser de fácil produção de mudas.
A BELEZA ESTÁ NOS OLHOS DE QUEM VÊ
Nessa época, é muito comum ver postagens nas redes sociais “divulgando” as cores dos ipês na paisagem de Parauapebas. Quem mora na cidade sabe que é um período que vale a pena ser registrado e apreciado, mesmo que apenas com os olhos, ao passar pelos bosques e praças.
Clein Ferreira é estudante de direito e nunca cansa de se impressionar com os ipês. “Todas as vezes aproveito quando passo pela PA [275] para tirar fotos. Os ipês de lá são os meus preferidos, da cor rosa. Dão um toque mais leve para o cinza da cidade”, diz o morador do bairro Chácara do Sol, orgulhoso com a beleza das vias públicas.
Mesmo quem é de fora de Parauapebas sabe que a “temporada dos ipês” é um deleite aos olhos. Maria de Lourdes, de 56 anos, saiu da vizinha Canaã dos Carajás para buscar serviços em uma agência bancária, e não deixou de notar a paisagem. “É muito lindo quando estão enflorados, os cor-de-rosa, os brancos…” diz a lavradora, lamentando ainda não ter tido tempo para tirar fotos.
Fotos: Ascom da PMP/ Renato Resende
Informações: Correio Carajás