As ciclofaixas, sobretudo as ciclovias (pistas separadas), são espaços que deveriam dar segurança a quem usa bicicleta como meio de transporte principal ou por hobby ou esporte. Na prática, ciclistas veem essas áreas exclusivas serem invadidas o tempo todo, por pedestres e outros veículos. E assim, os usuários de bikes seguem convivendo com a insegurança e o desrespeito nos poucos espaços reservados que possuem. Possivelmente, o número de ciclistas de Belém só não é maior porque falta estrutura que passe segurança.
A malha cicloviária da capital, atualmente, conta com 111,02 quilômetros de espaços reservados a ciclistas, entre ciclovias e ciclofaixas. Mais 2,7 km serão implantados com a nova faixa e uma ciclovia na avenida Pedro Miranda, que vai interligar outras faixas já existentes, no trecho da travessa Antônio Baena até a avenida Doutor Freitas. A malha de Ananindeua tem quase 8 km ao todo. Marituba possui 750 metros e pretende chegar a 1,5 km. Só que até agora, com exceção do BRT Metropolitano, do Governo do Estado, não há planos de interligar as rotas da Grande Belém.
Elias Jardim, coordenador de Operações da Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob), destaca que o órgão vem fazendo uma série de fiscalizações e ações educativas nas ciclovias e ciclofaixas. Nas ciclofaixas, principalmente, há alguns pontos críticos de conflitos que têm demandado atenção, como a rua dos Mundurucus. E o investimento em uma nova faixa, na Pedro Miranda, representa uma intenção de melhorar a vida de quem está nas bikes.
“Nossa proposta é interligar todas as nossas ciclofaixas e ciclovia. Algumas, no diagnóstico que fizemos, estão em situação precária e precisando de manutenção. E então intensificar a fiscalização. Os ciclistas reclamam que não são respeitados em seus espaços. Precisamos criar essa cultura de respeito. Mas há uma questão cultural muito forte. O condutor, principalmente de carros, acha que a via é preferencial do carro, esquecendo que a via tem outros atores, como pedestres, ciclistas e skatistas”, analisa Jardim.
Não se sabe quantos dos acidentes envolvendo bicicletas, registrados pelo Departamento de Trânsito do Estado do Pará (Detran-PA), que concentra as estatísticas estaduais, ocorreram nas ciclofaixas ou acostamentos. Mas é fato que mais espaços exclusivos e respeitados por motoristas poderiam ter evitado que em 2019 tivessem ocorrido 701 acidentes no estado, deixando 731 feridos e 52 mortos. Em 2020, até o mês de setembro, foram registrados 540 acidentes envolvendo ciclistas, deixando 614 feridos e 39 mortos.
Foto: Thiago Gomes
Informações: O Liberal