O hábito de ouvir música deveria proporcionar momentos de relaxamento e diversão. Mas dependendo do volume, esse entretenimento pode dar lugar a riscos à saúde e incômodo a muitas pessoas. No Pará, a potência das aparelhagens, dos sons automotivos e demais aparelhos eletrônicos residenciais para este fim se reflete em um alto número de chamados ao Centro Integrado de Operações (Ciop), em Belém, que registrou 63.361 ocorrências atribuídas à poluição sonora e perturbação do sossego alheio em 2019.
Os registros indicam que 23.545 (37%) dos ruídos eram produzidos em residências; 13.032 (21%) em veículos; 12.775 (20%) em via pública; 10.061 (16%) em estabelecimentos comerciais, 2.280 (4%) em casas de shows e eventos, e 1.668 (3%) em outras condições.
O número poderia ser ainda maior. Entretanto, ainda há a percepção de que a lei do silêncio é válida somente a partir das 20 h, quando aumentam as denúncias, explica o diretor do Ciop, coronel Luiz Carlos Rayol de Oliveira. “A perturbação do silêncio pode ocorrer em qualquer hora. Às vezes, o cidadão é incomodado o domingo todo, por exemplo, mas espera chegar o fim do dia para fazer a denúncia. Ele precisa estar consciente de que, caso se sinta perturbado por algum som, pode ligar para o 190, para que possamos acionar os demais órgãos de segurança”, ressaltou o coronel Rayol.
Risco à saúde – O barulho não é exclusivo de músicas. Também pode ser gerado por obras e trânsito. De acordo com o diretor do Ciop, a poluição sonora está além de um crime ambiental; se configura também em risco à saúde da população, afetando, sobretudo, idosos (com picos de hipertensão arterial) e crianças dentro dos transtornos do Espectro Autista (TEA) e de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). “Também tem um impacto social, na medida em que conflitos e agressões podem ser desencadeados por conta do barulho”, complementou o gestor.
Somente nos dois primeiros meses de 2020 já houve um crescimento de mais de 50% nos registros de poluição sonora e perturbação de sossego alheio, em decorrência dos festejos antes e durante o Carnaval. Foram 13.598 denúncias, frente a 8.901 no mesmo período do ano passado. Os bairros com maior incidência são Pedreira, Guamá, Sacramenta, Jurunas, Marco, Terra Firme, Marambaia, Tapanã, Telégrafo e Coqueiro.
(Com informações da Agência Pará)
Foto: Semma Santarém/Divulgação