Com a morte do papa Francisco nesta segunda-feira (21), a Igreja Católica já se movimenta para dar início ao processo de escolha do novo pontífice. A eleição acontece por meio do Conclave, reunião reservada dos cardeais que têm direito a voto.
De acordo com as regras atuais do Vaticano, o Conclave deve começar entre 15 e 20 dias após o falecimento do papa — ou seja, espera-se que a votação ocorra entre os dias 6 e 11 de maio. No entanto, uma norma instituída por Bento XVI em 2013 permite certa flexibilidade nesse prazo. O processo pode ser antecipado se todos os cardeais eleitores estiverem no Vaticano, ou adiado em casos excepcionais, por “motivos graves”.
Logo após a morte do papa, o Vaticano convoca o Colégio dos Cardeais — atualmente composto por 252 membros, incluindo oito brasileiros — que auxilia na organização do Conclave e na gestão de assuntos urgentes da Igreja. Apenas os cardeais com menos de 80 anos têm direito a votar. Atualmente, 135 religiosos estão aptos, entre eles sete brasileiros.
O cardeal brasileiro Dom Paulo Cezar Costa informou à GloboNews que os cardeais já foram oficialmente convocados para ir a Roma. A eleição só começa quando todos os eleitores estiverem presentes, salvo em casos de impedimentos por questões sérias, como problemas de saúde.
Apesar da expectativa de que o Conclave ocorra no início de maio, ainda não há uma data oficial definida para a escolha do novo papa, devido à natureza sigilosa e às regras rígidas do processo eleitoral.
Durante o Conclave, os cardeais ficam reclusos em uma área específica do Vaticano e fazem um juramento de absoluto sigilo. As votações ocorrem na Capela Sistina. Para ser eleito, o novo papa precisa de ao menos dois terços dos votos. As cédulas são queimadas após cada votação, e a cor da fumaça que sai da chaminé indica ao mundo o andamento do processo: branca, quando há um novo papa; preta, quando não houve consenso.
Podem ser realizadas até quatro votações por dia — duas pela manhã e duas à tarde. Caso não haja definição após três dias, os cardeais fazem uma pausa de um dia para orações. Se, após mais sete votações, ainda não houver acordo, uma nova pausa é feita. E se 34 rodadas forem realizadas sem consenso, os dois cardeais mais votados participam de uma espécie de “segundo turno”, ainda exigindo dois terços dos votos.
Apesar da complexidade, os Conclaves modernos costumam ser rápidos. As eleições de Francisco, em 2013, e de Bento XVI, em 2005, levaram apenas dois dias. No entanto, a história já registrou Conclaves que duraram semanas — ou até anos. O mais longo ocorreu no século 13 e durou mais de dois anos, resultando na escolha do papa Gregório X.
Para facilitar a cobertura da imprensa internacional, a Santa Sé estendeu até 31 de maio as credenciais temporárias para jornalistas e indicou o período entre 21 de abril e 11 de maio como janela simbólica para funerais e Conclave. Essa previsão, porém, não define a data exata da eleição.
Brasileiros com direito a voto no Conclave:
- Sérgio da Rocha, arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil (65 anos)
- Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre e presidente da CNBB (64 anos)
- Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo (75 anos)
- Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro (74 anos)
- Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília (57 anos)
- João Braz de Aviz, arcebispo emérito de Brasília (77 anos)
- Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus (74 anos)