A delegação do Pará concluiu sua participação na 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 29), realizada em Baku, Azerbaijão. Apesar do encerramento dos trabalhos, os resultados continuam gerando repercussões importantes.
Entre os destaques está o lançamento da primeira concessão de restauração florestal do Brasil, voltada à recuperação da Área de Proteção Ambiental (APA) Triunfo do Xingu. Por meio de uma parceria público-privada, a iniciativa visa sequestrar 3,7 milhões de toneladas de carbono — o equivalente a 330 mil viagens de avião ao redor do mundo.
Outro marco foi a assinatura de um acordo para comercialização de créditos de carbono e a formalização de uma parceria internacional para a criação do Pavilhão do Oceano. O espaço será destinado a debates sobre a preservação de ecossistemas marinhos e costeiros durante a COP 30, que acontecerá em Belém no próximo ano.
O governador do Pará, Helder Barbalho, avaliou os resultados como “extremamente positivos”, destacando o impacto ambiental e social da concessão florestal. “Serão 10 mil hectares restaurados, gerando 2 mil empregos, em uma área que antes era floresta, foi desmatada e agora será recomposta, integrando o mercado de carbono e manejo sustentável”, afirmou.
APA Triunfo do Xingu: combate ao desmatamento
Localizada entre os municípios de São Félix do Xingu e Altamira, a APA Triunfo do Xingu é um dos territórios mais pressionados pelo desmatamento na Amazônia. O governo do Pará recuperou a área na Justiça após anos de grilagem e, agora, aposta no restauro florestal como alternativa sustentável.
Controvérsias na COP 29
Globalmente, a COP 29 começou sob críticas à escolha do Azerbaijão como sede, devido à sua economia baseada em petróleo e gás natural, principais responsáveis pelas mudanças climáticas. Alana Manchineri, liderança indígena da Amazônia, destacou a contradição: “Países como Azerbaijão e Dubai, que dependem da exploração de petróleo, não refletem os valores que nós, da Amazônia, defendemos.”
Brasil amplia metas climáticas
Na primeira semana do evento, o Brasil apresentou sua nova Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), elevando a meta de redução de emissões de gases do efeito estufa para 67% até 2035. Essa meta, mais ambiciosa que a anterior (59%), cobre todos os setores econômicos e está alinhada ao Acordo de Paris.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, reafirmou o compromisso brasileiro com o desmatamento zero até o fim da década e explicou que a meta possui margens para ajustes. “O foco principal é atingir os 67%, mas a flexibilidade garante adaptação a possíveis variações”, explicou.
Tensões diplomáticas
O evento também foi marcado por tensões diplomáticas. O presidente da Argentina, Javier Milei, retirou a delegação do país, reafirmando seu ceticismo sobre a agenda climática. Já a França abandonou a conferência após declarações do presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, que acusou Paris de “crimes coloniais” e violações de direitos humanos.
A COP 29 reforçou tanto os desafios quanto os avanços globais no combate às mudanças climáticas, destacando a necessidade de ações concretas e cooperação internacional.