O que um ano de covid-19 nos revela sobre saúde mental

Quando a covid-19 começou a se espalhar pelo Brasil em março de 2020 e exigiu a adoção de medidas mais restritivas, especialistas em saúde mental passaram a usar o termo “quarta onda” para se referir à avalanche de novos casos de depressão, ansiedade e outros transtornos psiquiátricos que viriam pela frente.

Mas, contrariando todas as expectativas, os primeiros 12 meses pandêmicos não resultaram em mais diagnósticos dessas doenças: estudos publicados nas últimas semanas indicam que os números de indivíduos acometidos tiveram até uma ligeira subida no início da crise, mas depois eles se mantiveram estáveis dali em diante.

Outros achados recentes também apontam que políticas mais extremas como o lockdown, adotadas em vários países e tão necessárias para achatar as curvas de contágio e evitar o colapso dos sistemas de saúde, não resultaram numa piora do bem-estar ou no aumento dos casos de suicídio.

Até agora, os cientistas não encontraram essa subida vertiginosa nos números de depressão ou suicídio. Os estudos indicam que os casos continuam estáveis, apesar de todas as privações que o mundo está vivendo.

Especialistas apontam que, até certo ponto, é esperado sentir-se mal, triste, nervoso ou estressado diante de tantas mudanças provocadas pela pandemia. O problema é quando esses sentimentos perduram por dias (ou semanas) e atrapalham as atividades diárias.

É possível especular, então, que esse tipo de questionário online ou por telefone chame mais a atenção de indivíduos que se sentem aflitos e preocupados com toda a situação. Com isso, as porcentagens podem ficar infladas e não refletem necessariamente a média da sociedade.

O médico e pesquisador Jose Gallucci-Neto, diretor do Serviço de ECT e Vídeo-EEG do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, classifica a não adoção do lockdown sob a justificativa de que isso vai aumentar os casos de suicídio como uma “falácia”.

“O fenômeno do suicídio é complexo e multifatorial. Na maioria das vezes, não dá pra relacionar o ato a um episódio específico, como o lockdown”, explica.

Foto: Reprodução
Informações: BBC NEWS BRASIL

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